O MODELO DE VIDA ALIENANTE DA “SOCIEDADE DO CONSUMO”
THE ALIENATING MODEL OF LIFE IN “CONSUMER SOCIETY”
EL MODELO DE VIDA ALIENANTE EN “SOCIEDAD DE CONSUMO”
Atilio Marchesini Jr.
Mestre em Geografia – Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP
Rua
da Penha, nº 786,
Bairro Santo Antonio – Itapira – São Paulo
junior.atilio@yahoo.com.b r
A melhor definição para pensar a sociedade atual
é a
de uma “Sociedade de
Consumidores”, entretanto, não falamos do consumo natural
e necessário para a sobrevivência, mas aquele consumo desnecessário, criado pela publicidade, e avalizado pela moda. Consumo baseado na
perda de valores essenciais para o ser humano real, como a valorização de sentimentos e
ideais
importantes
para a vida em grupo, em família, enfim, em sociedade.
Grande parte das pessoas,
não percebem que são responsáveis, de alguma forma, por crises
econômicas, sociais, ou ainda desastres ecológicos
universais.
A
ordem do dia é comprar
cada vez mais, até esgotar os
proventos, comprar com crédito, comprar tudo o que for possível, mesmo o que não seja
necessário, e são os próprios que compram
que se iludem, que criam
as suas próprias falsas necessidades, numa sociedade que pretende ter
o máximo, seja do que for, especialmente ter cada vez mais
que o vizinho do lado,
ainda que outros
vizinhos menos
afortunados vegetem
na
miséria mais incrível.
As novas necessidades
e mercadorias produzidas de forma
desconcertante tornam
os
indivíduos cada vez mais individualizados e até egoístas. É evidente que a humanidade seria muito melhor, se trocasse um
pouco deste
consumismo
por um pouco mais de solidariedade e urbanidade entre os
seres
humanos. Para isso individualismos e moda deveriam ser postos de lado e transformados
em comunhão e integração de todos
por
uma vida mais digna e
igualitária entre todos os
seres
humanos
do planeta.
Os mais
variados
empreendimentos comerciais, criam uma sociedade direcionada a consumir
indiscriminadamente, podendo ser denominada
de “Sociedade
do Consumo”. O processo de produção e comercialização intenso implica em consumo, por uma sociedade cada vez mais
acostumada e influenciada pelo ato de comprar.
Os cidadãos são transformados em simples consumidores, que são movidos de
acordo com os interesses
do capital, que imputam ao indivíduo o imediatismo, ou seja, a felicidade está contida no consumir nesse instante, com funcionalidade e rapidez, o que transforma em
prazer o ato de consumir, e promove o aparecimento de “novas
necessidades” a todo instante. “O psíquico do ser humano é muito bem trabalhado pela propaganda”.
Entendemos que o indivíduo é condicionado ao consumo, criando necessidades que, na verdade, são impostas pela mídia e pelo marketing.
Dessa forma, na atual conjuntura do sistema capitalista onde o processo de globalização atua por todo o planeta, nota-se mudanças na sociedade que passa a tratar o ato
de consumir de maneira cada vez mais
alienada. O
momento
do consumo vai
adquirindo maior importância, não somente para o que é básico, mas
também para o que
é “supérfluo”.
Consumir não é sinônimo de ter felicidade, visto que pesquisas, em países em que o capitalismo está mais desenvolvido, não indicam maior felicidade para as pessoas em relação àquelas que vivem em países
pobres. O excesso de oferta, aliado a
uma
enorme profusão de bens
colocados no mercado, levou ao desenvolvimento de estratégias de marketing extremamente agressivas, que procuram impor tal
padrão de consumo, a uma necessidade de troca urgente ou de vida curta de um bem ou pro du to projetado, de forma que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por
um período reduzido que podemos chamar também de “descartalização”, o que acaba causando grandes danos ao meio ambiente. Tal processo faz parte de uma
estratégia de mercado que visa garantir um consumo constante através da insatisfação,
de forma que os produtos que satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de
funcionar, tendo que ser obrigatoriamente substituídos de tempos em tempos
por mais modernos.
Em 2007, o brasileiro trocava de celular, em média, a cada dois anos, e hoje,
troca a cada 1,3 ano. As companhias induzem
a troca e os consumidores compram, e as
pequenas modificações
que são feitas nos
aparelhos não são realmente relevantes, mas o consumidor as considera importantes e acaba fazendo a troca. O resultado de tanto
desperdício é que o uso dos recursos
naturais
está ultrapassando a capacidade que o planeta tem de provê-los.
Rodrigues (1998, p. 13) comenta que “Cantada em prosa e verso a ‘natureza’
está sendo destruída”,
pois
a
produção é cada vez maior, o que gera um consumo intenso de matérias primas e fontes de energia oferecidos pela natureza.
A “sociedade do consumo” cada vez mais
participa do processo indireto, ou
porque não dizer direto, de degradação do meio ambiente. A moda dita o ritmo da vida e
enfraquece o consenso coletivo de cidadania e bem estar social de todos.
Vemos o surgimento de jovens doutrinados por padrões pré-determinados, como um
exército de consumo e individualismo buscando conseguir
“qualquer
coisa a qualquer
custo”.
“O poder do consumo é tão contagiante
e muitas vezes impensada que atribui às
pessoas a
condição
de alienados.
Os
produtos são criados para a simples vaidade de um contra o outro, é a busca
incessante pelas “coisas”. A força da publicidade busca atingir cada um em função dos outros, por suas vontades e fantasias
de prestígio social. Ela nunca se dirige a uma única
pessoa, procurando suas maiores motivações
e a opinião dos “outros”, ou da maioria, muitas vezes
torna-se mais importante e imprescindível.
As maiores
possibilidades de consumo estão diretamente ligadas as classes sociais mais elevadas, ou seja, é claro que a classe média e alta
tem um poder de consumo maior,
e
com
isso
são mais influenciáveis
pela massificação do consumo, pelo marketing, etc. No círculo inferior de economia a
exposição e
risco de se tornar um “ser alienado” é bem menor para o indivíduo.
Assim, entendemos que o processo de valorização do consumo proporcionado
pelo marketing e pela publicidade atinge uma condição preocupante dentro da
sociedade atual, que se deixa alienar pelo ato do consumo e pelo espaço no qual vive que
também é vendido ara fins turísticos. Portanto
o espaço também
contribui para a alienação do indivíduo que quer morar em lugar
privilegiado numa busca de uma felicidade que o faz escravo do trabalho para
pagar por todo o conforto que lhe traz mais cansaço do que alegria.