“Como se a lua invadisse...
Como se a lua preenchesse...
Como se a lua se tornasse plenamente lua...
Mas esse olhar só cabia a estrela...
Por segundos, a estrela poderia deslocar-se daquele cantinho
e não mais sentir a lua assim...
Ou...
Por segundos, a estrela poderia deslocar-se para incorporar
a luminosidade da lua...
Que movimento fascinante...
A lua recebendo a estrela que parecia até então ter em si o
brilho mais nobre, o seu próprio brilho...
A estrela recebendo a lua que era vista como plena (cheia de
um vazio)...
Aos poucos...
Aos poucos, a lua carece de viver a estrela...
Naquele momento, a noite acolheu o sabor de uma lua “nova”
que não mais poderia ser lua sem o brilho da estrela...
Será que a noite pensou ter sentido o “sabor da vida”, que
dizem os poetas, nasce do olhar admirado por uma estrela... e que agora
provoca, provoca, insiste, persiste...”
(Rosane Nery)
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